Uma menina de nariz vermelho
Era uma vez uma menina curiosa, falante, cheia de imaginação que entre telas, livros e brinquedos construía histórias e aventuras que costumava não viver.
Medo de sair, ir, de machucar, cair, quebrar e desapontar faziam o mundo criado por ela muito mais seguro que o real.
Logo cedo descobriu nos personagens refúgios. Ora dublando a música da fita K7 que tocava no carro, ora criando poses no espelho vestida com roupas das tias e da avó, ora brincando com famílias de lápis de cor.
Mesmo quieta no seu mundo quando resolvia falar e estar com os outros costumava se destacar sendo orgulho pela expressividade e criatividade. Se abraçou nessas duas forças para enfrentar o mundo e foi em busca de sonhos.
Como qualquer um de nós sempre quis ser amada e se sentir segura e nas histórias construiu caminhos para que tudo isso acontecesse e quando não acontecia ela mesmo inventava!
Estudiosa, perguntadeira, exibida e cheia de iniciativa essa era a menina que possuía um grande nariz vermelho cheio de poder. Poder que ela tinha medo de conhecer, que ela reencontrava em cada poesia, música e atividade que fazia mas perdia nas comparações, julgamentos, medos e inseguranças que a faziam ter raiva de um nariz vermelho assim.
E assim sorria tímido escondendo os dentes tortos, corria pouco culpando as pernas tortas e amava muito transbordando em um coração escarlate.